Meirelles é candidato a governador, apoiadíssimo por Lula. Deve ele permanecer no cargo de presidente do BC?
A evidência empírica internacional sugere que enquanto o ciclo eleitoral influencia fortemente a política fiscal em democracias não maduras (ver os artigos de Alan Drazen e co-autores), não há evidência robusta de que a política monetária seja afetada pelo ciclo político (ver, por exemplo, Alesina et al, "Political Cycles and the Macroeconomy", MIT Press, 1997). A explicação sugerida para esse achado é simples: quem brinca com política monetária com fins eleitoreiros pode sair chamuscado, dado o risco de se colher inflação alta antes da eleição chegar. E de inflação, o povo não gosta nem um pouco. Além disso, é fato conhecido que os BCs são, em média, institucionalmente mais imunes à pressão política do que os Tesouros.
Em trabalho publicado na PPE dois anos atrás, eu e meu orientando de mestrado, Fernando Fenolio, também não achamos qualquer evidência de que a questão eleitoral jogue qualquer papel na explicação dos rumos da Selic. Mais precisamente, mostramos que dummies eleitorais não são significativas na estimação de uma Regra de Taylor para o Brasil pós-flutuação.
É bom para o país que a autoridade monetária não sofra qualquer influência do ciclo político, como tem sido o caso até aqui. Portanto, não vejo com bons olhos a ideia de Meirelles continuar no comando do BC por mais tempo. O conflito de interesses é óbvio demais. E não há porque temer uma mudança de comando, dada a credibilidade adquirida pela instituição BC.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
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