Caros leitores,
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sábado, 3 de outubro de 2009
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Confusão no Metrô
Ontem o Metrô de São Paulo testou um novo esquema de embarque em horários de pico, nas estações Sé e Tatuapé. Para conter o empurra-empurra, permitiu-se que um número limitado de pessoas tivesse acesso à área de embarque. Os demais esperariam em um barreira, até que o próximo trem chegasse.
O resultado não foi dos melhores, já que o empurra-empurra foi transferido para a barreira. Tudo isso junto com a chuva (que torna o metrô mais lento) fez com que a operação fosse abortada após 45 minutos.
(foto extraída do portal do Estadão, 29/9/2009)
Uma forma simples de aliviar o problema da lotação em horários de pico é através do preço. Um bilhete mais caro na hora do rush faria com que diversas pessoas optassem por horários alternativos, que teriam um preço relativamente baixo. O metrô de Santiago, no Chile, adota um esquema do tipo, cobrando mais caro por viagens entre 7:00 e 9:00, e entre 18:00 e 20:00 (veja aqui).
É claro que isso pode criar substituição para outros meios de transporte, transferindo a lotação para ônibus e trens, por exemplo. Desta forma, seria necessário também ajustar as tarifas nos horários de pico também nestes casos.
Um efeito colateral perverso pode ser o aumento do número de carros nas ruas na hora do rush, se imaginarmos que as pessoas utilizavam o metrô (mesmo possuindo um automóvel) por conta da tarifa relativamente barata. Neste caso, seria necessário também criar uma punição, como o pedágio urbano, para quem usa o carro em horários de pico. Mas isso está longe de ser uma realidade em São Paulo. Deixo esta discussão para outro post.
O resultado não foi dos melhores, já que o empurra-empurra foi transferido para a barreira. Tudo isso junto com a chuva (que torna o metrô mais lento) fez com que a operação fosse abortada após 45 minutos.
(foto extraída do portal do Estadão, 29/9/2009)
Uma forma simples de aliviar o problema da lotação em horários de pico é através do preço. Um bilhete mais caro na hora do rush faria com que diversas pessoas optassem por horários alternativos, que teriam um preço relativamente baixo. O metrô de Santiago, no Chile, adota um esquema do tipo, cobrando mais caro por viagens entre 7:00 e 9:00, e entre 18:00 e 20:00 (veja aqui).
É claro que isso pode criar substituição para outros meios de transporte, transferindo a lotação para ônibus e trens, por exemplo. Desta forma, seria necessário também ajustar as tarifas nos horários de pico também nestes casos.
Um efeito colateral perverso pode ser o aumento do número de carros nas ruas na hora do rush, se imaginarmos que as pessoas utilizavam o metrô (mesmo possuindo um automóvel) por conta da tarifa relativamente barata. Neste caso, seria necessário também criar uma punição, como o pedágio urbano, para quem usa o carro em horários de pico. Mas isso está longe de ser uma realidade em São Paulo. Deixo esta discussão para outro post.
domingo, 27 de setembro de 2009
Mudança de Endereço
Caros leitores,
A partir do começo de Outubro o Blog muda de lugar. Estaremos dentro do site da revista Época.
A partir do começo de Outubro o Blog muda de lugar. Estaremos dentro do site da revista Época.
Taxi só lá embaixo!
Fui a Minas e a Santa Catarina semana passada dar palestras sobre nosso livro que dá nome a esse Blog. Nas duas vezes, quando cheguei de volta a Congonhas, ao sair pelo portão de desembarque me deparei com uns caras truculentos ao lado direito, formando uma espécie de barreira humana. Eles gritavam: "táxi só lá embaixo".
Para impedir que os passageiros pegassem táxis "não cadastrados", ou seja, para livrar a turma do aeroporto da concorrência, esse pessoal fazia parecer que pegar táxi na rua paralela ao desembarque era algo proibido por lei! E eles estavam lá de braços cruzados para fazer "a lei" valer. Impressionante. Quem ganha e quem perde? A proteção rende ganhos ao aeroporto em forma de taxas pagas pelos motoristas e, obviamente, aos taxistas estabelecidos. Quem perde, você já deve imaginar....
Este tipo de arranjo, aliás, era muito comum alguns séculos atrás. Na Europa, reis sem estrutura tributária sofisticada e ávidos por recursos para financiar pajelanças e guerras com vizinhos entregavam poder de monopólio legal a certos grupos de amigos, os tais amigos do rei, em troca de uma parcela dos ganhos extraordinários associados ao monopólio.
Contrastando com essa história de conluio em prejuízo do consumidor, ao ir ao parque Villa Lobos hoje com minha filha me impressionei com o custo horário da bicicleta dupla (que chegou ao parque algum tempo atrás e virou coqueluche), que havia alugado antes da viagem. Nesse interregno, o preço caíra pela metade! A explicação logo me ficou clara: na frente do parque, onde se alugam bicicletas, bolas e patins, vi que um outro microempreendedor, ao perceber a forte demanda pela tal bicicleta dupla, tinha reorganizado sua frota e estava oferecendo a tal bicicleta em grande quantidade aos clientes, forçando a concorrência a trazer o preço para algo mais próximo ao custo.
Hoje andei uma hora de bicicleta, ao invés dos usuais trinta minutos.
Para impedir que os passageiros pegassem táxis "não cadastrados", ou seja, para livrar a turma do aeroporto da concorrência, esse pessoal fazia parecer que pegar táxi na rua paralela ao desembarque era algo proibido por lei! E eles estavam lá de braços cruzados para fazer "a lei" valer. Impressionante. Quem ganha e quem perde? A proteção rende ganhos ao aeroporto em forma de taxas pagas pelos motoristas e, obviamente, aos taxistas estabelecidos. Quem perde, você já deve imaginar....
Este tipo de arranjo, aliás, era muito comum alguns séculos atrás. Na Europa, reis sem estrutura tributária sofisticada e ávidos por recursos para financiar pajelanças e guerras com vizinhos entregavam poder de monopólio legal a certos grupos de amigos, os tais amigos do rei, em troca de uma parcela dos ganhos extraordinários associados ao monopólio.
Contrastando com essa história de conluio em prejuízo do consumidor, ao ir ao parque Villa Lobos hoje com minha filha me impressionei com o custo horário da bicicleta dupla (que chegou ao parque algum tempo atrás e virou coqueluche), que havia alugado antes da viagem. Nesse interregno, o preço caíra pela metade! A explicação logo me ficou clara: na frente do parque, onde se alugam bicicletas, bolas e patins, vi que um outro microempreendedor, ao perceber a forte demanda pela tal bicicleta dupla, tinha reorganizado sua frota e estava oferecendo a tal bicicleta em grande quantidade aos clientes, forçando a concorrência a trazer o preço para algo mais próximo ao custo.
Hoje andei uma hora de bicicleta, ao invés dos usuais trinta minutos.
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
Pague 5, Leve 4
Na última quinta-feira, a Folha de São Paulo publicou uma nota informando que a Net foi condenada a ressarcir os usuários que ficarem sem sinal de TV ou internet. Acredito que a decisão seja justa; afinal, o consumidor deve pagar pelo que consome. Na feira, se ele pagar por 5 bananas, ele recebe as 5, e não 4. O princípio deve ser o mesmo para TV a cabo.
Mas a medida, se implementada, pode ter efeitos não triviais. Mais precisamente, quando um consumidor paga um valor fixo por mês, o risco para a firma é muito baixo. Basicamente, ela recebe o mesmo montante, independente da queda ou não do sinal (o risco incide inteiramente sobre o consumidor). É claro que a firma pode perder consumidores, insatisfeitos com as interrupções de sinal. Este efeito, porém, deve ser limitado aqui, uma vez que este mercado está longe de ser concorrencial.
A decisão do judiciário paulista transfere parte do risco para a Net, que passa a perder dinheiro com cada queda de sinal. Isso deve melhorar a qualidade do serviço, na medida em que a companhia passa a empreender maiores esforços para evitar este problema. Entretanto, eleva-se o custo para a firma, o qual deve ser em parte repassado para o consumidor. Adicionalmente, para compensar a maior exposição ao risco por parte do produtor, os preços também deverão subir.
Quem se dá mal com isso são as pessoas que pagam pelo serviço, mas não o utilizam com muita frequência (como aqueles que assistem TV somente à noite ou nos fins de semana). Estas pessoas beneficiam-se muito pouco com a melhora na qualidade do serviço (já que a probabilidade de ocorrer uma queda de sinal quando estão à frente da TV é baixa), mas têm que pagar um preço mais caro.
O ideal, nesse caso, seria oferecer dois contratos: um mais caro, mas que compense a pessoa pela queda de sinal (isto é, com baixo risco para o consumidor) e outro mais barato, mas com preço fixo (isto é, o consumidor fica com o risco). Desta forma, as pessoas que assistem menos TV não precisariam pagar pelo benefício dos demais.
Mas a medida, se implementada, pode ter efeitos não triviais. Mais precisamente, quando um consumidor paga um valor fixo por mês, o risco para a firma é muito baixo. Basicamente, ela recebe o mesmo montante, independente da queda ou não do sinal (o risco incide inteiramente sobre o consumidor). É claro que a firma pode perder consumidores, insatisfeitos com as interrupções de sinal. Este efeito, porém, deve ser limitado aqui, uma vez que este mercado está longe de ser concorrencial.
A decisão do judiciário paulista transfere parte do risco para a Net, que passa a perder dinheiro com cada queda de sinal. Isso deve melhorar a qualidade do serviço, na medida em que a companhia passa a empreender maiores esforços para evitar este problema. Entretanto, eleva-se o custo para a firma, o qual deve ser em parte repassado para o consumidor. Adicionalmente, para compensar a maior exposição ao risco por parte do produtor, os preços também deverão subir.
Quem se dá mal com isso são as pessoas que pagam pelo serviço, mas não o utilizam com muita frequência (como aqueles que assistem TV somente à noite ou nos fins de semana). Estas pessoas beneficiam-se muito pouco com a melhora na qualidade do serviço (já que a probabilidade de ocorrer uma queda de sinal quando estão à frente da TV é baixa), mas têm que pagar um preço mais caro.
O ideal, nesse caso, seria oferecer dois contratos: um mais caro, mas que compense a pessoa pela queda de sinal (isto é, com baixo risco para o consumidor) e outro mais barato, mas com preço fixo (isto é, o consumidor fica com o risco). Desta forma, as pessoas que assistem menos TV não precisariam pagar pelo benefício dos demais.
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
Mais sobre pirataria
O economista Koleman Strumpf, da University of North Carolina, traz alguns exemplos divertidos de propagandas anti-pirataria utilizadas pela indústria de entretenimento no passado, como reação a novas tecnologias que iam aparecendo. Veja aqui.
O interessante é a propaganda contra as cópias caseiras de fitas cassetes as quais, da mesma forma que a Internet hoje, estariam "matando a música". Divertido também é o vídeo entitulado "Don't copy that floppy", produzido pela indústria contra as cópias de games (na década de 80 acredito), feitas utilizando os antigos disquetes (floppy disks). Em um ponto, a letra da música diz "este é o fim da era do computador", implicando que as cópias domésticas de jogos eletrônicos por disquetes destruiriam a indústria.
O vídeo "Don't copy that floppy" da página de Strumpf tem uma qualidade muito ruim. Uma versão melhor pode ser encontrada aqui.
O interessante é a propaganda contra as cópias caseiras de fitas cassetes as quais, da mesma forma que a Internet hoje, estariam "matando a música". Divertido também é o vídeo entitulado "Don't copy that floppy", produzido pela indústria contra as cópias de games (na década de 80 acredito), feitas utilizando os antigos disquetes (floppy disks). Em um ponto, a letra da música diz "este é o fim da era do computador", implicando que as cópias domésticas de jogos eletrônicos por disquetes destruiriam a indústria.
O vídeo "Don't copy that floppy" da página de Strumpf tem uma qualidade muito ruim. Uma versão melhor pode ser encontrada aqui.
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Piratas!
Recentemente, o governo francês decidiu apertar o cerco contra quem baixa ilegalmente arquivos de música da Internet. Basicamente, a pessoa que for pega 3 vezes fazendo downloads ilegais teria seu acesso à Internet cortado, ou poderia ser até condenada a prisão.
O governo inglês agora estuda implementar uma lei deste tipo. Surpreendentemente, diversos artistas de peso estão se posicionando contra a medida, como Radiohead, Pink Floyd e Blur (veja a matéria do Times sobre o tema aqui).
A justificativa é que, ainda que as vendas de álbuns se reduzam, a Internet pode elevar o número de fãs de um artista, permitindo um aumento nas vendas de ingressos para shows, camisetas, pôsteres, entre outros. Isso porque a Internet possibilita que o trabalho de um artista seja amplamente difundido: quando uma música cai na rede, ela pode ser compartilhada por milhares de pessoas utilizando softwares P2P (como Kazaa, Soulseek, Emule), que passam a conhecê-la (e potencialmente se tornam fãs do artista ou banda). Leis que proíbem as trocas ilegais de arquivos dificultariam este efeito de divulgação, principalmente entre o público mais jovem (justamente quem gasta mais em shows, camisetas, etc.).
Na verdade, o artigo empírico de Felix Oberholzer-Gee e Koleman Strumpf (Journal of Political Economy, 2007) não encontra nenhuma evidência de que a Internet tenha reduzido mesmo vendas de CDs nos Estados Unidos (discutimos com mais detalhe este trabalho em nosso livro). É bem possível que o fã de um artista prefira comprar um produto de melhor qualidade (já que o CD não só tem melhor áudio do que arquivos mp3, mas vem com encarte e caixa específicos). Ou seja, os arquivos mp3 baixados ilegalmente da Internet provavelmente não são substitutos tão perfeitos para o CD.
O interessante é que a cantora Lily Allen, revelada na Internet, posicionou-se fortemente contra as trocas ilegais de arquivos (veja matéria aqui). O debate continua.
O governo inglês agora estuda implementar uma lei deste tipo. Surpreendentemente, diversos artistas de peso estão se posicionando contra a medida, como Radiohead, Pink Floyd e Blur (veja a matéria do Times sobre o tema aqui).
A justificativa é que, ainda que as vendas de álbuns se reduzam, a Internet pode elevar o número de fãs de um artista, permitindo um aumento nas vendas de ingressos para shows, camisetas, pôsteres, entre outros. Isso porque a Internet possibilita que o trabalho de um artista seja amplamente difundido: quando uma música cai na rede, ela pode ser compartilhada por milhares de pessoas utilizando softwares P2P (como Kazaa, Soulseek, Emule), que passam a conhecê-la (e potencialmente se tornam fãs do artista ou banda). Leis que proíbem as trocas ilegais de arquivos dificultariam este efeito de divulgação, principalmente entre o público mais jovem (justamente quem gasta mais em shows, camisetas, etc.).
Na verdade, o artigo empírico de Felix Oberholzer-Gee e Koleman Strumpf (Journal of Political Economy, 2007) não encontra nenhuma evidência de que a Internet tenha reduzido mesmo vendas de CDs nos Estados Unidos (discutimos com mais detalhe este trabalho em nosso livro). É bem possível que o fã de um artista prefira comprar um produto de melhor qualidade (já que o CD não só tem melhor áudio do que arquivos mp3, mas vem com encarte e caixa específicos). Ou seja, os arquivos mp3 baixados ilegalmente da Internet provavelmente não são substitutos tão perfeitos para o CD.
O interessante é que a cantora Lily Allen, revelada na Internet, posicionou-se fortemente contra as trocas ilegais de arquivos (veja matéria aqui). O debate continua.
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